quarta-feira, 27 de junho de 2018

Eu também não.

Dez dias depois, uma banda qualquer e sorrisos escancarados trocados no meio de uma multidão de desconhecidos. Nossa música tocava em todos os cantos e por muito tempo não houve tempo. Eu sempre te achava do outro lado da rua. 

Tudo era beleza e era caos. Para nós era o início do mundo.

Caminhávamos com certezas cegas. Enfeitávamos as esquinas com as lutas que inspiravam nossas vidas. Gastamos horas planejando o nosso mundo, contando histórias de heroínas de guerras travadas há mil anos atrás e bebendo litros de qualquer líquido que nossas poucas moedas podiam comprar. As noites eram longas e claras, com cheiro da juventude que a gente achava que tinha. 

Mas a vida, o tráfego e os desencontros na contramão nos fizeram ser estranhos presos nas promessas de ser infinitos. E pra comemorar aquele dia, todos os anos eu abro uma garrafa de malbec e te encontro no lado oposto do somos agora, amores imperfeitos perdidos no silencio da nossa última canção.



[mas sempre fica alguma coisa]