tag:blogger.com,1999:blog-10271819396275237252024-02-07T18:16:32.206-03:00Outro quintalNão o meu. O (do) outro.Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.comBlogger74125tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-50985139946667085702021-01-07T15:13:00.001-03:002021-01-07T15:15:07.476-03:00as palavras que contam a história sagrada.<div style="text-align: justify;">Eu sempre estive lá. Com a saia rodada e a touca vermelha de primavera. Eu vi toda a gente. Chegar, sair, chorar, voltar. Mas nunca era você. E eu estou, eu espero. Espero tudo. Porque não importa, porque não consigo explicar esse nó no peito, a garganta seca e essa falta enorme. Essa falta que você acredita que não faz.</div><div style="text-align: justify;">Eu que já não tenho sonhos ou esperança em nada. Eu que sempre quero esquecer, só lembro do tempo que nem a gente sabe de verdade se existiu. Dos planos que eu desenhei na parede do meu quarto. Das minhas buscas e desejos pra quando formos grandes, pra quando construirmos nossa casa de fazenda na Patagônia. E a gente? E os nossos planos de viagem pra Bolívia? De descer até Ushuaia e subir pelo Chile, de conhecer o calor estafante do Rio?</div><div style="text-align: justify;">E se meu corpo trava todas as vezes que o Noel canta? Qual é a solução se já não sei mais o que é normal? Eu só posso te prometer que eu fico, mas perdi o direito de te pedir pra voltar. Não posso te pedir pra lidar com isso que nem a gente sabe o que é. Lidar com minha inconstância, meus destroços, minha vida de brincadeira que eu finjo que reinvento todos os dias. Eu quero o que eu não posso tocar. Eu já escolhi. Eu já encontrei. E se você acredita em karma, o meu é não poder chegar.</div><div style="text-align: justify;">Então só fica minha culpa óbvia de tentar preencher todo esse vazio de qualquer jeito. Esse histórico de lutas estúpidas que me fizeram não acreditar em mais nada, e ainda assim, querer demais. Escutar em loop eterno todas as suas músicas ruins que eu guardei pra tentar te ter mais perto.</div><div>
</div><div>O que resta é ajustar a vida pra viver sozinho.</div><div>[pequeno lou, ugly jack, profeta john.]</div><div>
</div><div>
</div><div>
</div><div>
</div><div>I'd stop the world and make you mine. [If I had a gun.]</div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div>[de volta a onde não devia ter saido - 2011]</div><div>
</div>Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-47096486886910879382021-01-07T14:31:00.002-03:002021-01-07T14:32:20.659-03:00nem sempre. como te tenes que irte? si recien te vi llegar -<br />
15/01/2020<br />
<br />
<span style="text-align: justify;">Eu acordei assustada. Você tinha mudado de posição na cama e me apertava entre a parede e teu peito. Assim, sem querer, me acordou do meu sono agitado e de uma sequência de sonhos ruins. Abri os olhos e você me olhava com teus olhos fechados. Tão bonito e tão longe. Tão injusto.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tua respiração pesada ritmava o óbvio. Nós não tínhamos mais nada pra fazer ali. Teu corpo forte não sabia mais como abrigar o meu. Só me apertava de uma forma estranha, como se tentasse me fazer caber num espaço onde eu não conseguia mais entrar. Eu te olhava e podia escutar como o afeto que eu te tinha se misturava ao desespero de saber que eu ia te deixar ali, que nossos rumos até então paralelos estavam tão entrelaçados em outros anzóis que era impossível que o amor nos salvasse.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O nosso plano era justo. Nosso futuro implícito fazia tanto sentido que me parecia absurdo ter perdido tanto tempo com outras pessoas e ter tido tão pouco tempo contigo. Mas eu queria o mundo inteiro e você ficava satisfeito com os domingos de sono e televisão. Eu queria a certeza de estar, você queria o prazer da gente nova. Só que nossas coincidências não foram suficientes pra desembaraçar a teia de quereres e não-quereres que tecíamos sem perceber enquanto a primavera devagar ia embora.<br />
<br />Me levantei da cama e segurei o fio que acercava as nossas vidas despretensiosamente. Percebi que o algodão suave tinha se transformado em nylon e agora cortava minha pele. Olhei no espelho e vi que nosso quarto estava cheio de vultos que não conseguíamos dissipar e o chão estava machado com nosso sangue, que insistíamos em deixar sair na esperança de que ele se convertesse milagrosamente em construção. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Te olhei e parti. Deixei meus discos na estante da sala e a mala que há tanto tempo me esperava na porta de entrada. </div><div style="text-align: justify;">Deixei meu sangue.</div><div style="text-align: justify;">Sai e só. </div>Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-9336605336610154202019-12-04T18:10:00.000-03:002019-12-04T18:10:05.939-03:00Cobra cega.<div style="text-align: justify;">
Você apareceu suave, rindo, caminhando com firmeza na bagunça que era a minha casa. Entrou tímido e ocupou minha cama de risadas e noites apertadas entre o aquecedor e o abismo. Me enrolou na tua camiseta e me deu segurança de que a vida podia ser a sorte de um amor tranquilo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Chegou devagar, me apertou contra o peito e prometeu me proteger de todo o mal. De todo o mundo. De tudo. Cuidou do meu jardim, dos meus joelhos ralados e cercou todos os espaços com teus olhos. Pra me cuidar. Segurou minha mão e me levou contigo, me prendeu do teu lado e me fez ter certeza que você estaria sempre lá. Mesmo quando eu fizesse algo errado. Mesmo quando eu entendesse errado as tuas palavras. Mesmo que eu perdesse o controle.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Você estaria lá. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Até quando fosse embora. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Até quando eu caminhasse o bairro de meia e camiseta buscando entender porque no meu peito fazia mais frio que o vento que entrava na janela que você esqueceu aberta na pressa de sair.<br />
<br />
Mesmo quando eu fizesse a gente discutir no meu restaurante preferido depois de você pagar a conta. Você levantaria e me deixaria sozinha. Mas estaria lá.<br />
<br />
Estaria milimetrando de perto meus passos. Pra ter certeza que eu notaria tua ausência justificada. Pra se certificar que eu ia aprender a estar do teu lado. Pra me mostrar com detalhes as vezes que eu saí dos trilhos enquanto você deliberadamente se afastava pra me ensinar.<br />
<br />
Você estaria longe, mas sempre ali. Sempre perto pra me lembrar que os pedaços que eu ia deixando no caminho me deixavam cada vez mais oca, cada vez mais invisível. Cada vez mais necessitada do teu braço forte pra me conduzir, porque sozinha eu já não conseguia chegar a lugar nenhum. <br />
<br />
E eu ficaria te esperando. Com as costas feridas de tanto cansaço, só pra te ouvir subir o tom por eu estar atrasada, ou por ter confundido o lugar. Culpa minha não entender o teu cuidado. Culpa minha não saber lidar com a sobrecarga, não saber manejar meus horários. Rezava pra dessa vez você chegar e me guiar no caminho pra casa enquanto eu estava tão entorpecida, sem saber se esse vazio era fome ou desespero.<br />
<br />
Eu fui seguindo teus passos. Esquivando de cada porrada na parede que errou de leve a minha cara. Bloqueando todas as portas que você ameaçava cruzar levando junto os pedaços do meu espírito já quase inexistente. Porque só você conhecia a pessoa que eu era agora. Só você me abraçava a noite quando eu soluçava de saudade de quem eu era, perdida nessa viagem que eu me culpava por ter escolhido e agora não sabia arrombar a saída. Só você prometia ficar mesmo que tenha sobrado só a minha casca vazia.<br />
<br />
Ruí inteira. Perdi o ar, perdi o espaço. Me perdi e nos perdemos. E no meu desespero de ser inteira, pulei de roupa e tudo no mar. Desesperada. Agoniada. Esperando que a correnteza abrigasse o pouco que sobrou. Que me lavasse dessa culpa e desse medo. Que me levasse e me impedisse de nadar de volta. Fiquei à deriva, delirei arco-íris, construí um farol e nadei sem plano e sem rumo buscando onde eu pudesse ancorar.<br />
<br />
Cheguei na praia em pedaços.<br />
Morta de medo.<br />
<br />
Livre.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br /></div>
<br />
<br />Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-61158344661309591802019-05-28T18:24:00.001-03:002019-05-29T18:26:16.736-03:00misma sed; distinto paladar<div style="text-align: justify;">
Teus olhos me vendo chegar naquele bar desconhecido. O mesmo olhar com que anos atrás eu encarei o outro amor da minha vida; amor que durou uns meses e me fez não dormir as mesmas noites que você, nessa mesma cidade pequena onde chove todos os dias.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A mesma chuva que caía quando eu fui embora, e que me molhou quando eu voltei e me encontrei em casa enrolada no teu braço; o mesmo braço que semana que vem vai descansar em outras pernas, e guiar tuas mãos pra devagar mudar outras vidas, do mesmo jeito que eu planejei há tanto tempo, deitada em outras camas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As tuas piadas ruins, iguais as outras que eu contei naquela noite no palco, observada por mil outros olhares, quando arrebentou a corda da guitarra; guitarra que hoje toca pra você me abraçar e dançar comigo nesse terraço apertado e cheio de gente, no meio da mesma cerveja que tu ontem dividia com outras bocas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A boca minha que dividiu tantos silêncios e hoje estranha a tua, irreconhecível, que grita a vida com outras vozes. Mesma vida que eu dei e recebi nas noites de verão do sul da América do Sul, enquanto você caminhava no inverno do mesmo bairro, compartindo com outra gente, a coberta e o sonho de voltar pras manhãs quentes dos trópicos.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Voltar pra aquelas manhãs, onde encontramos e perdemos em tantas outras pessoas os nossos caminhos; caminhos que se esbarraram e se dividiram naquele bar, que agora pra nós, é o mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
[nada es mas simple; no hay otra norma.]<br />
<br />
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
</div>
Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-58962526821328265712019-04-07T19:18:00.000-03:002019-04-07T19:18:35.769-03:00quis partir você.<div style="text-align: justify;">
Então eu, sempre tão aberta ao mundo, me escondi. Tinha certeza que se eu contasse minhas teorias sobre a magia e o mundo, eu nunca mais sairia dali. Daquela fenda no espaço-tempo onde a gente foi parar sem querer e depois de querer tanto, e que todos nós sabíamos que não ia durar mais que um segundo. Eu sabia que se você me contasse dos teus planos, ou dos teus livros preferidos, eu ia ficar ali perdida pra sempre, confundindo o barulho do encanamento velho com música e esperando qualquer sinal que me convencesse que minha loucura era sã.<br />
<br />
Eu me esforcei pra, no dia seguinte, não lembrar das tuas promessas apressadas, despejadas em cima da mesa depois de uma noite de cigarro e cerveja. Ou pra achar normal teu braço apertando a minha cintura todas as vezes que voltávamos pra casa. Eu ri dos nossos desencontros e evitei as conversas de madrugada pra não me trair e ficar. Quis evaporar essa vontade, naturalizar os teus olhos me seguindo todas as vezes que eu entrava na sala.<br />
<br />
Então eu fui embora. Porque todas as vezes que eu fico, eu me esqueço e esqueço que no fim eu termino lidando com essa falta enorme. Termino vendo todas essas pequenas coisas se perdendo, como um quebra-cabeças cruel que jamais termina de encaixar. Não me recupero nunca e passo o resto dos dias buscando nessas cidades mal iluminadas alguém que sorria como você, pra diminuir esse aperto que eu sempre vou sentir.<br />
<br />
Me acostumei a ser furacão. Me acostumei a não conseguir apagar o incêndio que eu mesma provoco e a queimar até o final. E me queimei tanto, que agora só me sinto velha e cansada. E cheia de manchas roxas e pedaços faltando. Cheia de espaços vazios que eu queria encher de vontade como sempre antes de chegar até aqui. Cheia de medo que eu queria não ter, pra poder te contar que meu corpo ainda tem o formato do teu, e que vou deixar a água do mate esquentando, por se, mesmo assim, você quiser chegar.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br /></div>
Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-28444415643708662612018-12-28T11:46:00.000-02:002018-12-28T11:52:06.246-02:00Não é soberba, é amor.<span style="text-align: justify;">A porta se fechou como uma porrada a minhas costas, e eu fiquei ali. Parada no limbo entre o desespero e a ressurreição. No caminho pra casa tocavam todas as minhas músicas, que já não faziam sentido nenhum, mas pela primeira vez, eu respirei. Senti o ar gelado daquela puta noite de inverno entrar e quase congelar meu sangue. Meu sangue. Eu tava viva, e nem sabia porque. Só sabia que aquela miséria desesperadora, que arrancou meus músculos dos ossos nesses últimos dias, tinha desaparecido e agora era só um vazio sem tamanho e nem fim. Só uma falta de matéria. E de energia, ou do que caralho fosse. </span><br />
<span style="text-align: justify;"><br /></span>
<div style="text-align: justify;">
Eu não saberia explicar porque depois de anos caminhando nessas ruas sujas de pedra, onde eu me reconhecia tão bem, eu desapareci e deixei metade dos meus planos. Não eram mais meus. Repassei rápido, enquanto esperava o sinal abrir, todas as boas ideias que eu já tive, e nenhuma me pertencia mais. Foram elas que me deixaram ali, despida e sem nada no meio da rua, mas ainda assim era eu que sentia o peso da culpa de não tê-las mais. Como se a porrada na porta tivesse esmagado a minha vida inteira. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Então esse ar gelado, essa chuva longe que molhava meu casaco pesado, me fizeram ver que é o vazio a fonte criadora do mundo. Como disse há muito tempo alguém muito mais inteligente que eu, não se pode ocupar um espaço com duas coisas diferentes. Onde há dor não há essência. Logo eu, que há tanto tempo desisti, senti que meu peito rachava em dois, e vi como no meio do nada nascia a vontade que eu nunca tive. Ou tive, e nem lembro mais. Me vi aqui, tão cheia de porrada e com vontade de abrir a janela todos os dias, nem que seja pra inundar minha casa dessa chuva de merda que cai há dias.<br />
<br />
Sorri sozinha com a certeza que essas ruas deixaram de ser minhas, sem conhecer mais a poeira que cobre cada esquina desse bairro. Pude crescer. Já eram muito mais que cinco da manhã, e como que pra me dar o último golpe de misericórdia, o céu clareou e o sol me deu um soco nos olhos, tão inesperado nesses dias cinza. Me separei da espécie. Larguei o casaco e as certezas. Caminhei e morri pela última vez.<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
[Vendrá um nuevo amanecer.]</div>
</div>
Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-44679563586019769042018-06-27T22:07:00.000-03:002018-06-27T22:15:07.215-03:00Eu também não.<div style="text-align: justify;">
Dez dias depois, uma banda qualquer e sorrisos escancarados trocados no meio de uma multidão de desconhecidos. Nossa música tocava em todos os cantos e por muito tempo não houve tempo. Eu sempre te achava do outro lado da rua. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tudo era beleza e era caos. Para nós era o início do mundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Caminhávamos com certezas cegas. Enfeitávamos as esquinas com as lutas que inspiravam nossas vidas. Gastamos horas planejando o nosso mundo, contando histórias de heroínas de guerras travadas há mil anos atrás e bebendo litros de qualquer líquido que nossas poucas moedas podiam comprar. As noites eram longas e claras, com cheiro da juventude que a gente achava que tinha. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas a vida, o tráfego e os desencontros na contramão nos fizeram ser estranhos presos nas promessas de ser infinitos. E pra comemorar aquele dia, todos os anos eu abro uma garrafa de malbec e te encontro no lado oposto do somos agora, amores imperfeitos perdidos no silencio da nossa última canção.</div>
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
[mas sempre fica alguma coisa]</div>
Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-6893600653675539792014-08-14T13:26:00.002-03:002014-08-14T13:26:22.428-03:00Disritmia<div style="text-align: justify;">
Eu não sei quem te deu o direito de pensar que você podia usar minha vida pra mudar a tua. De me emprestar esses braços gelados, pra fingir uma proteção que nunca existiu. Eu não sei o que você pensou quando decidiu afogar meus demônios, calcular meus passos, me fazer responsável pela sua dor, pelos erros que você nunca assumiu, e sempre jogou nas minhas costas pra se sentir mais leve. Ou mais humano, ou mais digno de viver entre essa gente cheia de abraços e de sonhos que você nunca teve.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Essa minha vida roubada, essa solidão, esse desejo de sobreviver são só meus. Minha dor é minha fé, e você não tem o direito de curar-la. Não tem o direito de lavar uma alma que você nunca se esforçou em conhecer, porque a tua própria tava cheia de merda. São os dramas e desejos que me enchem de vontade, me enchem dessa graça que você não entende, de amor que você não conhece.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É que a tua perfeição desesperada deixa um rastro de equívocos e desejos não resolvidos, e todos os dias você os enfia a força dentro do armário pra te dar um pouco de paz. Só não sei com que direito você me deu essa chave. Eu que não sei lidar nem com os meus próprios, escancarados na minha cara, e você supõe que eu tenho que encarar os teus, te livrar dessa desgraça que não é minha.<br />
<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu não vou fugir do mundo. Meu sangue é meu.</div>
<div style="text-align: justify;">
Esse coração vagabundo é todo seu, não tenho nada que exorcizar.</div>
Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-14742666925864388062014-06-27T19:22:00.000-03:002014-06-27T19:22:03.100-03:00I do.<div class="verse" style="box-sizing: border-box; font-family: proxnov-reg, arial, sans-serif; line-height: 16px;">
Two arms around me, heaven to ground me,<br style="box-sizing: border-box;" />and a family that always calls me home.</div>
<div class="verse" style="box-sizing: border-box; font-family: proxnov-reg, arial, sans-serif; line-height: 16px;">
Four wheels to get there, enough love to share<br style="box-sizing: border-box;" />and a sweet song.</div>
<div class="verse" style="box-sizing: border-box; font-family: proxnov-reg, arial, sans-serif; line-height: 16px;">
At the end of the day,</div>
<div class="verse" style="box-sizing: border-box; font-family: proxnov-reg, arial, sans-serif; line-height: 16px;">
Lord I pray, I have a life that's good.</div>
<div class="verse" style="box-sizing: border-box; font-family: proxnov-reg, arial, sans-serif; line-height: 16px;">
<br /></div>
<div class="verse" style="box-sizing: border-box; font-family: proxnov-reg, arial, sans-serif; line-height: 16px;">
<br /></div>
<div class="verse" style="box-sizing: border-box; font-family: proxnov-reg, arial, sans-serif; line-height: 16px;">
<br /></div>
<div class="verse" style="box-sizing: border-box; font-family: proxnov-reg, arial, sans-serif; line-height: 16px;">
<br /></div>
<div class="verse" style="box-sizing: border-box; font-family: proxnov-reg, arial, sans-serif; line-height: 16px;">
<br /></div>
<div class="verse" style="box-sizing: border-box; font-family: proxnov-reg, arial, sans-serif; line-height: 16px;">
<br /></div>
<div class="verse" style="box-sizing: border-box; font-family: proxnov-reg, arial, sans-serif; line-height: 16px; text-align: right;">
[A life that's good.]</div>
<span style="box-sizing: border-box; font-family: proxnov-reg, arial, sans-serif; line-height: 16px;"><br style="box-sizing: border-box;" /></span>Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-7337342537295169692013-10-05T16:15:00.000-03:002013-10-05T16:26:20.662-03:00Dez anos. Ou dez dias.Dez anos passaram, e eu lembro daquela noite melhor que minha mente velha e cansada podia suportar. Lembro do barulho do teu carro triturando a areia na porta da minha casa, da campainha antiga, que tocava engraçado. Lembro de não querer abrir, de pensar que se eu nunca mais te visse, isso nunca ia acabar. Isso, em que a gente sempre insistiu e sempre foi tão claro. Isso que me fazia sobrecarregar meus neurônios e meu fígado em dias alternados, mas que por alguns anos me fez rever todas as minhas certezas.<br />
<br />
Lembro da força que você bateu a porta quando você gritou teus piores planos. Cruentos, venenosos, como se você quisesse cravar essa faca o mais fundo que você conseguisse. Como se teu desprezo não tivesse sido suficiente pra destroçar o que tinha sobrado da minha paz. Lembro dos teus olhos vermelhos, que provavelmente nem estavam vermelhos, mas é assim que eu lembro deles. Porque a única coisa que você tinha no rosto era fúria, era o resultado da soma de todos os pensamentos equivocados que você já teve na vida, plasmados numa cara que agora parecia tão diferente da tua.<br />
<br />
E hoje, depois de dez anos, ainda tenho tuas coisas guardadas. Tuas fotos, tuas roupas, e essa coisa gigante que eu tenho dentro de mim, e que por mais que eu negue todos os dias, segue sendo tua. Todas essas coisas que você esqueceu aqui sem querer, e nunca mais reclamou.<br />
<br />
Dez anos e eu nunca mais te vi. Nunca mais soube dos teus planos de mudar o mundo. Mas acho que você, sempre acostumado a ganhar, perdeu essa. Porque fora minha pele marcada, e esses fios brancos que insistem em aparecer, faz dez anos que meu mundo segue o mesmo.<br />
<br />
<br />
<span style="color: #a3a3a3; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px; text-align: right;"><i>Why must it drift away and die?</i></span><br />
<br />
<br />
<span style="background-color: white; color: #444444; font-family: arial, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 16px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #444444; font-family: arial, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 16px;"><br /></span>
Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-92205797630914554872013-04-14T20:02:00.000-03:002013-06-25T01:35:35.296-03:00A falta.E a gente fica aqui esperando. Que faça sol, que você volte, que o barulho dessas buzinas de merda não me acordem de manhã cedo ou que aconteça um milagre, e mude nossa vida de uma vez só. Esperando que você chegue arrombando a porta e dizendo que eu sou a mulher da tua vida.<br />
<br />
E fico sozinha, jogada nessa cama grande demais, contando os mosquitos do teto e fingindo que são estrelas. Fingindo que não sinto essa falta gigante que não cicatriza. Fingindo que talvez em outra dimensão em outro tempo em outro plano você está aqui. Fingindo que esses sonhos de merda que eu tenho toda noite, da gente feliz em algum lugar do mundo, não são uma tentativa doente de não te deixar ir.<br />
<br />
Minha cabeça lateja de ressaca e de saudade. Lateja com meus demônios se vingando de mim por ter tentado afogá-los com o whisky que eu roubei do teu armário. Com tua voz no telefone antes de você desligar sem dizer tchau. É essa minha mania de lembrar de você o tempo todo. Ontem eu bebi fernet, porque é o que você tomaria se a gente deixasse de ser idiota e você tivesse comigo.<br />
<br />
Porque deveríamos.Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-4465842422632857432012-11-06T01:38:00.001-02:002012-11-06T01:38:35.949-02:00Nem você, nem eu.Não é você.<br />
<div>
Obviamente não é você.<br />
<div style="text-align: justify;">
É só insônia, e dor de estômago. E medo. Ah, grande coisa. Como seu eu existisse sem esse medo gigante, ou como se algum dia eu tivesse tido um sono tranquilo e regular. Não.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não é a lembrança das tuas mãos quentes nesse inverno de merda que nunca acaba. Nem o telefone que não toca, ou toda essa gente que entra e sai dessa casa, e que nunca é você. Não é seu desprezo, seu desinteresse. Nem a porta fechada que existe entre a gente, entre o que sobrou do que "um dia podíamos chegar a ter sido". Não é o seu cheiro nas minhas roupas. É só minha cabeça, pensando demais, querendo demais. Minha ânsia em te ter aqui, em te obrigar a voltar, em gritar na varanda essa falta que eu sinto. Não, não é você.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
É só solidão. Só coisa que eu invento sozinha pra encher esse vazio tão óbvio. Pra encher esse quarto tão cheio de você. Não, não é você. Cheio só de invenções minhas. De desejos, de vontades, de distâncias, que nem sempre são físicas, mas que nunca diminuem.</div>
</div>
<div>
<br class="Apple-interchange-newline" /></div>
<br /></div>
Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-4966598427878860412012-09-29T19:51:00.002-03:002012-09-29T19:51:53.553-03:00Long cold lonely winter.<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Você nunca respondeu minha
mensagem. A gente tava planejando uma viagem junto, lembra? Uma viagem não, uma
visita. Você ia aproveitar essa greve louca pra vir sentir frio do lado de cá.
E pra gente falar da vida, botar uns sambas loucos pra tocar e fingir que tava
no Rio que a gente aprendeu junto a amar. Fingir que era carnaval, e que a
gente tava de férias (férias simuladas pra tu que gostava de lembrar que era da
classe proletária). Por aí a gente ia falar de política. Falar, porque contigo
eu não discutia. Engraçado, né? Logo a gente que discutia com todo mundo.. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E daí tu resolveu largar a gente.
Me obrigou a voltar, sem estar lá. E nossos problemas, exaustivamente
discutidos nas noites insuportavelmente quentes de Niterói, deixaram de fazer o menor sentido. Muita
coisa deixou de fazer sentido. Qual é o samba que toca agora? Porque a verdade
é que eu tenho medo de ter férias. Medo de esperar você ligar pra me levar pro
Blues de Quarta Feira. Porque eu sei que eu vou esperar. E vou ter que me
contentar com a lembrança do verão passado. Do carnaval passado, dos anos
passados. Do passado. Dessa lembrança que não era lembrança até essa ser a
única opção. </div>
Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-20180843220958401582011-12-29T05:16:00.005-02:002011-12-29T05:52:55.141-02:00Entressafra.<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="pt">Eu tinha tudo isso. Uma casa imensa, essa gente, essa falta de cor. Essas almofadas gigantes que me separavam dessa euforia que sabe-se lá porque atinge as pessoas no verão. Eu tinha minha semana de tédio, meus fins de semana de sono e minha falta de esperança. Meus livros, meus filmes que eu sempre usei como roteiro de como sobreviver. Tinha a música, e muito menos de dez razões pra parecer nova se alguém precisasse. Eu tinha essa dor. Que na verdade nem era uma dor. Era só o movimento continuo em direção a nada, o caminho ritmado até o eu-não-sei-o-quê. E que? E quem poderia julgar? Nada é melhor que ruim. Melhor que desespero, depressão, raiva, ódio, melancolia, eu acho. Melhor que chegar e não ter lugar pra você. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="pt">E agora? A espuma tá toda espalhada no chão no meio de tanto sol nesse quarto antigo. E meu último travesseiro você me rouba toda noite enquanto me empurra e vira pra parede pra dormir até o mundo acabar. Já não distinguo dia ou noite, e só conheço urgência. E serenidade. E saudade. </span>Meus espelhos tão todos quebrados mas dessa vez não é assim tão pesado. Porque minhas cicatrizes ainda estão no mesmo lugar de antes. Mas se você parece não se importar, por que eu deveria?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="pt">Na<span>da é diferente. Tudo está exatamente no lugar que não deveria estar nunca. Eu estou.</span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="pt"><span><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="pt"><span>[Guess we'll have to wait and see.]</span></span></p>Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-16964238855477562922011-10-24T17:52:00.005-02:002011-10-25T03:45:37.367-02:00Neuquen.E qual seria a diferença se eu tivesse deixado de lado a porra desse medo gigante, e tivesse dito na sua cara o que você sempre soube e nunca quis ouvir? O que mudaria na nossa vida? Na nossa não, na minha e na sua. Não me diga que foi supresa, porque você tava perto o tempo todo. Porque esse límite estúpido, criado pra evitar dramas e envolvimentos desnecessários só existia no plano da idéias, nas conversas tontas depois de tanto vinho e filosofia inútil. Aqui, no mundo real, a gente vivia de carne e sangue. De olhos, pernas, unhas, e essa falta que a gente fingia que ignorava. <div><br /><div>E como é jogar nas minhas costas toda a culpa, como se eu tivesse vivido sozinha todos esses últimos anos? Como se eu fosse a traidora desse movimento que você nunca reivindicou. Você sabe que só nos sobraram as palavras não ditas, os sorrisos e silêncios reinterpretados várias vezes, até se esgotarem por si só. Você sempre soube que eu não tava esperando. Mas você também não veio.</div></div><div><br /></div><div>Você não me odeia. Você sabe disso.</div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div>Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-32069779811126880412011-09-22T03:02:00.001-03:002011-09-22T03:04:09.937-03:00Com a porra da tua vida você faz o que quiser.<div style="text-align: justify;">Vai embora. Some daqui. Antes que a gente acabe com isso. Com tudo isso, comigo, contigo. Foge pra um canto qualquer desse mundo imenso. Vai pro Sri-Lanka, ou pra Malásia. Só sai daqui, agora, pra sempre. Não, pra sempre não. Pra sempre é tempo demais. Mas vai. Por favor, vai. Enfia toda essa merda em uma mochila e vai. Me manda um postal, uma foto, de longe, de muito longe. De algum lugar que a gente pensa que não existe de tão longe. Que a gente não precise dessas conversas vazias, dessas noites de tv e vinho barato. Muda a sua vida, e deixa a minha. Deixa a minha em paz. Me deixa viver com a dor, o vazio, o medo, a insegurança, o desespero. Com o whiskey, o maço de cigarros e essa porra desse livro de auto-ajuda aberto. Mas me deixa. Me deixa sem seu drama, sem esse discurso comprado sobre tudo, sem esse monte de merda que você inventa pra se sentir melhor, ou pior, sei lá. Sem o que não existe faz tempo e a gente fica aqui, levando. Me deixa com minha saia de puta, com meu cabelo tingido. Para de prometer que vem, que fica, que me ama. Entende, eu não quero amor, nem compreensão, nem nada. Eu só quero paz. Só quero ficar sozinha com essa dor que é só minha.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-30284939185943069532011-08-11T11:28:00.004-03:002011-08-11T12:18:08.053-03:00Não é dor não, moço. É só saudade.Tem dia que eu acordo assim, sentindo falta..<div>
<br /><div>Minha janela sempre aberta me acorda cedinho, com um sol assim meio cinza, as árvores secas e amarelas, balançando de leve nesse inverno cruel do sul da América do Sul. Não tão sul, e não tão cruel. Só inverno. Só longe. Só cheio de saudade. </div><div>
<br /></div><div>Cheio de saudade das manhãs que o sol me acordava sem pena, pelas frestas da cortina da janela do ônibus, enquanto eu atravessava com sono e com pressa o Rio de Janeiro. Todos os dias. Eu ficava assim meio acordada, olhando as bicicletas, as pessoas tão acostumadas a passar, acostumadas ao sol, a areia, a buzina. </div><div>
<br /></div><div>Sabia que um dia, talvez muito tempo depois, eu ia olhar a janela procurando o Cristo Redentor iluminado no calor de mais de 40°C. Ou a praia de Botafogo cheia de gente molhada quando a chuva vinha ligeira. Então eu aproveitava quietinha de dentro do meu ônibus com o ar condicionado no insuportável, pra manter homeostático o corpo dos executivos e advogados dentro de seus ternos e terninhos, a caminho de seus escritórios no centro da cidade. Eu sorria sozinha. Sorria dentro da minha saia indiana, caminhando pro melhor-trabalho-do-mundo. Imaginando o calor que ia sentir no concerto a noitinha no salão sem ventilador.</div></div><div>
<br /></div><div>Eu sabia que em cada barco que eu pisasse eu ia procurar a fila, a gente. A barraquinha pra comprar dez pães de queijo por um real. Eu ia olhar na janela e procurar se afastando a praça, o paço, as torrezinhas de tantas igrejas concentradas num lugar só. Ou a gente colorida do carnaval da Praça XV. A barca lotada de arlequinas, noivas, palhaços, negas-malucas. A música alta do palco de domingo-de-carnaval.</div><div>
<br /></div><div>E ia contar da Lapa, dos Arcos, e da gente toda diferente, toda bonita e de todo o jeito que a gente encontra por lá. Do centro turbulento, sujo, de gente de verdade. Dos bolivianos (ou peruanos?) que tocavam flauta no Largo da frente, da Ouvidor, das propagandas da rádio Saara. Da energia que a gente roubava pra fazer nossos sambas numa praça esquecida nos fundos do prédio. Porque a gente andava sem medo, sambava, se encontrava, de noite, nos dias de folga, nas sextas-feiras de tarde quando ninguém ia pra aula pra ficar cantando junto com a velha juke box do Bar das Putas. Esperando o fim do expediente. Esperando pra chegar na Luis de Camões, ali perto da Tiradentes. Tão perigoso, tão escuro. Tão nossa casa.</div><div>
<br /></div><div>É de onde eu venho, moço. E pra onde eu sempre vou querer voltar. Pra fevereiro e março, pra Realengo, praquele abraço.
<br />
<br />
<br /></div><div>
<br /></div><div>
<br /></div><div>
<br /></div>Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-87241255919478087142011-06-09T20:50:00.002-03:002011-06-09T20:56:59.848-03:00Minha história, meu primeiro amigo.<div style="text-align: justify;">Há dois anos e cinco meses eu tive um dos dias mais tristes da minha vida. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Eu lembro melhor daquele dia do que de anos da minha vida. Depois de uma campanha apática no campeonato brasileiro, o grande Vasco da Gama caia, pela primeira vez em sua história, para a segunda divisão do futebol nacional. Lembro de ter sentido raiva durante uns 80 minutos daquele Vasco e Vitória disputado em São Januário. Lembro da voz do locutor, e da vontade que eu tive de entrar em campo e gritar com aqueles jogadores que corriam sem direção, parecendo não compreender a importância da camisa que vestiam.</div><div style="text-align: justify;">Meu ódio durou até os últimos 10 minutos, até que a queda se tornou uma realidade palpável até pros mais otimistas, até que embalado pelos lamentos do locutor, apareceu a imagem do Pedrinho, meu eterno ídolo da seleção vascaína de 98, chorando. Eu desisti da tv. Me pendurei na janela, com minha camisa 10, eternizada pelo Edmundo, e chorei. Pela primeira vez, desde que eu me entedia por gente, eu chorei pelo Vasco da Gama. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">E posso dizer com bastante certeza que eu já era vascaína antes de saber que era gente. Lembro de ganhar minha primeira camisa do Vasco com 6 anos, e de assistir no final de 1997 a despedida do Edmundo pro Fiorentina, na mesma festa que sagrava meu time Campeão Brasileiro. Lembro de deixar minhas amiguinhas sozinhas brincando e correr pra casa pra ver o Vasco jogar a Libertadores em 98, e assistir os jogos explicando pros meus avós os números da camisa e a posição de cada jogador. Lembro daquela noite histórica em 2000, quando depois do terceiro gol do Palmeiras minha mãe me mandou dormir, e eu disse que não ia, porque Vasco ia ser campeão. E nós fomos campeões, de virada, e em pleno Palestra Itália. E hoje, quando me perguntam sobre meus ídolos de infância, me vem logo a mente as imagens do Juninho Pernambucano chorando com essa copa na mão, do Romário correndo quase abraçado com o Juninho Paulista pedindo silêncio depois do quarto gol. Do Mauro Galvão, do Felipe, do Pedrinho, do Helton, do Edmundo, do Carlos Germano.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Hoje, catorze anos depois da primeira final que eu vi o Vasco ganhar, eu posso dizer que vivo um dos dias mais felizes da minha vida. Morando na Argentina e sozinha em casa, eu vi pela internet, o Vasco mais uma vez ser campeão. E dessa vez foi especial. Porque depois de anos sem grandes títulos, de uma queda, e um retorno da série B, de xingar, sofrer, gritar, o canto de Campeão ecoou mais uma vez. O meu canto, e o dos milhões de vascaínos espalhados nesse mundo. Hoje, cada um de nós tem um sorriso bobo estampado na cara, e uma cruz de malta brilhando no peito. E mesmo que ninguém entenda, nós somos vascaínos, guerreiros, torcedores, apaixonados. Orgulhosos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Eu tive minhas maiores tristezas pelo Vaasco da Gama. Mas também foi ele que me deu minhas maiores alegrias. E preciso te contar, o nosso saldo de alegrias é muito maior..</div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-80372558681113514522011-05-26T01:45:00.000-03:002011-05-26T01:46:03.715-03:00a gente recupera.Não olha pra trás, e vai.<div>Assim sem despedidas, sem lágrimas, sem dramas. Sem pensar no que poderia ser se você decidisse ficar.</div><div>Porque você decidiu ir.</div><div><br /></div><div>Não se preocupa comigo.</div><div>Nossos traumas são diferentes, eu soube disso desde a primeira vez que eu te vi.</div><div>Você tem medo, eu tenho pressa.</div><div><br /></div><div>Coloca logo essa mochila nas costas, e vai.</div><div>Seu ônibus já vai sair. E você vai passar todas essas horas pensando no dia que você vai voltar.</div><div>Mas você não vai. Você decidiu não voltar.</div><div>E vai doer. Mas a estrada vai te fazer forte.</div><div>E em alguns meses tua vida vai ser a mesma de antes.</div><div><br /></div><div>Sobe nesse ônibus e abre a janela</div><div>E me diz o monte de coisas que você sempre achou que nunca ia falar pra uma garota.</div><div>Porque é tudo verdade. Porque se você vai, nada acaba.</div><div>A gente suspende o tempo e congela as coisas assim.</div><div><div>Me sorri e passa a mão no cabelo, do jeito engraçado que você sempre faz</div><div>Pra eu pensar por dois segundos que te vejo de novo.</div></div><div><br /></div><div></div><div>Porque só assim eu prometo não te pedir pra ficar.</div><div><br /></div><div><br /></div>Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-37317910546000261282011-04-23T02:45:00.003-03:002011-04-23T12:49:52.721-03:00laugh at the sun.<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; font-family: 'trebuchet ms', verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; -webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; ">Eu só canto se for Sugar Town. Porque meu sotaque é engraçado, porque teus olhos ficam apertados e lindos com tanta luz no teu quarto escuro. E porque você ri. Ri da minha falta de preocupação, das minhas caras forçadas, do meu jeito meio bossa-nova e rock n' roll, da minha adoração pelas botas brancas da Nancy.</span></div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; font-family: 'trebuchet ms', verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; -webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; "><div style="text-align: justify;">Eu só continuo porque toda manhã o sol nasce com minha risada. E com teu sorriso torto, de quando eu não entendo uma palavra do que dizes. Porque amo o teu imenso esforço em me fazer rir, só pra dizer que ficaria rico se pudesse vender meu sorriso.</div><div style="text-align: justify;">Eu fico porque a gente tem mil planos. E nenhuma pretensão. E nem que eu reinventasse o acaso, eu conseguiria contar nossa história. Por que ela só existe nas madrugadas em claro, no toque que não existe, dos olhos que se veem sem de fato se encontrar.</div></span><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; line-height: 18px; -webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;"><br /></span></span></div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; font-family: 'trebuchet ms', verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; -webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; "><div style="text-align: justify;">Eu já vivo a minha primavera. Nada mais tem que dar certo.</div></span></div>Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-58974453718251356752011-03-22T16:27:00.003-03:002011-03-22T16:53:47.039-03:00Mentira.Eu sinto tanto a tua falta.<div>Mentira.</div><div><br /></div><div>Sinto falta de mim. </div><div>Sinto falta do meu sorriso quando te via. Da minhas mãos geladas, do meu peito arfante.. Sinto falta de ver teus olhos, quando tanto tempo depois, me viam de novo.</div><div><br /></div><div>Sinto falta do nosso dia, congelado naquela noite, ao som de uma banda [não tão] qualquer. Era setembro, e eu era sua mulher. </div><div><br /></div><div>Sempre te vejo. Mas sinto falta. Não de ti. Sinto falta da ansiedade que sentia quando te via há tempos atrás. Faz tanto tempo, e nunca existiu ninguém que não você.</div><div><br /></div><div>Sinto falta da nossa história. A história que foi contada tantas vezes e se perdeu nas nossas tentativas de torná-la real. Se esvaiu nas pessoas que encontramos no caminho.</div><div><br /></div><div><br /></div><div>Não é você, sou eu.</div><div>A desculpa de toda grande história de amor quando o amor acaba.</div><div><br /></div><div><br /></div>Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-36445302345758722312010-12-24T00:26:00.004-02:002010-12-24T01:09:36.791-02:00Talvez a última.A última vez que eu te vi, não foi na verdade a última. Mas nós sabíamos que era o fim. Ninguém falou sobre isso, e muito ao contrário, sorríamos e não pensávamos. Só sabíamos, mas isso não fazia mal, nem era triste. Era só como tinha que ser.<br /><br />A última vez que te vi, não a última realmente, esquecemos que tinha um mundo para além dos limites que imaginamos. Mas quem se importa? Fugimos do calor primaveril do Rio de Janeiro, andamos de mãos dadas na chuva, ficamos horas falando bobagem. Todos olhavam sorrindo, mas nós sabíamos. Só nós. Em cada abraço, em cada copo, o gosto de despedida era mais forte. Mas isso não era importante.<br /><br />A última vez que te vi, ou a penúltima, você salvou minha vida. Mas e daí? Isso não é um privilégio seu. Eu constantemente preciso de alguém pra me tirar da poeira e dos cacos onde insisto em me enfiar. Eu só te salvei do tédio. Salvei tua semana da rotina casa-trabalho-computador.<br /><br />A última vez que eu te vi, ou talvez não tenha sido a última, foi sem querer. Assim como foi sem querer o querer e o não-querer. Era amor, entrega, carinho. De verdade. Mas com prazo pra vencer. Era a dança de uma valsa só, que encanta, alegra e acaba. Ninguém imaginava. Mas nós sempre soubemos.<br /><br /><br /><em></em><br /><em></em><br /><em>Não há mal pior do que a descrença. Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão. [Como dizia o poeta - Toquinho e Vinícius]</em><br /><em></em><br /><em></em>Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-34583099221555908702010-12-16T00:36:00.003-02:002010-12-16T00:40:26.286-02:00Sobre ser feliz.Ninguém é feliz sozinho.<br /><br />Não porque somos seres sociais, que devem viver em comunidade ou algo assim.<br />Não somos felizes sozinhos porque somos confusos, cheios de imperfeições e altamente falhos. E viver sozinho pressupõe que suportamos de bom grado a nossa própria companhia. E nós não suportamos.<br /><br />A felicidade só existe quando alguém te ouve pacientemente confessar sua vida medíocre, seus erros e defeitos e te ainda assim te olha com afeição. E te abraça como se o mundo acabasse ali, assim, sem um motivo aparente.<div><br /></div><div>É preciso se preocupar mais com outro alguém do que com você pra se sentir inteiro. Ou com outros alguéns. Querer proteger, aceitar escolhas e caminhos diferentes. Mesmo que a distância exija algum esforço. Ser feliz é saber que estão felizes, e só.</div><div><br /></div><div>Porque, de qualquer jeito, o mundo é grande, e as lembranças não morrem.</div>Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-36554582863530369262010-12-08T12:59:00.003-02:002010-12-08T13:30:04.256-02:00Eu menti pra você.Por favor, não me culpa. Eu minto pra mim todos os dias. Não por querer, mas por ser várias em um só corpo. Uma reunião de impulsos nervosos compartilhados por várias almas.<br /><br />Desculpa se exagero, mas tudo isso faz com que eu sinta demais, que eu fale demais, que eu seja demais. E somo a isso minha irresponsabilidade, minha impulsividade escondida pra não te afastar.<br /><br />E não quero te afastar.<br /><br />Eu não sei porque, nem o que é.<br />Mas existe. E me anima a existência nos dias quentes do Rio de Janeiro.<br /><br />Só peço que fique. Sem nenhum motivo, sem nenhuma certeza.<br />E não fica com medo. Eu só machuco a mim mesma.Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1027181939627523725.post-32097479502411800182010-11-18T11:55:00.003-02:002010-11-18T12:21:51.264-02:00Não-eu.Eu me olho no espelho, e não reconheço o reflexo.<div>Eu sinto vergonha. E urgência.</div><div><br /></div><div>Todos os meus planos foram consumidos pela rotina, pelo cotidiano de interesses próprios. Interesses que não me alimentam, não me satisfazem de maneira nenhuma. E a pessoa que eu brigava com o mundo pra ser há alguns anos atrás, desapareceu completamente.</div><div><br /></div><div>Eu não me reconheço.</div><div><br /></div><div>A minha força era a minha carne nova, incólume no meio desse mundo cão. E hoje sou só a lembrança, o armário cheio de poeira e memória que ninguém abre mais. Não penso, não sonho, não quero. Só acordo e continuo o que acho que é a vida. </div><div><br /></div><div>Tenho medo. Medo de estar só, ou de querer estar só.</div><div><br /></div><div>Mas se o passado não existe mais, as pessoas voltam. Elas lembram. E me espancam a cara por eu estar entregue. E destroem cada pedaço da minha paz. Me obrigam a sair de casa, viver o mundo. Me fazem ter vergonha. Fazem eu me sentir sozinha e estúpida. </div><div><br /></div><div>Tenho vontade de sair.</div><div><br /></div><div>Sair da vida, sair do mundo. Ressusitar. </div><div><br /></div>Marianahttp://www.blogger.com/profile/09261498255891282759noreply@blogger.com2