quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Não-eu.

Eu me olho no espelho, e não reconheço o reflexo.

Eu sinto vergonha. E urgência.

Todos os meus planos foram consumidos pela rotina, pelo cotidiano de interesses próprios. Interesses que não me alimentam, não me satisfazem de maneira nenhuma. E a pessoa que eu brigava com o mundo pra ser há alguns anos atrás, desapareceu completamente.

Eu não me reconheço.

A minha força era a minha carne nova, incólume no meio desse mundo cão. E hoje sou só a lembrança, o armário cheio de poeira e memória que ninguém abre mais. Não penso, não sonho, não quero. Só acordo e continuo o que acho que é a vida.

Tenho medo. Medo de estar só, ou de querer estar só.

Mas se o passado não existe mais, as pessoas voltam. Elas lembram. E me espancam a cara por eu estar entregue. E destroem cada pedaço da minha paz. Me obrigam a sair de casa, viver o mundo. Me fazem ter vergonha. Fazem eu me sentir sozinha e estúpida.

Tenho vontade de sair.

Sair da vida, sair do mundo. Ressusitar.

2 comentários:

Anônimo disse...

"Nosso maior medo não é sermos inadequados
Nossos maiores medos é de sermos poderosos além da conta
É a nossa luz, e não a nossa obscuridade que mais nos apavora"

Juliana Camargo disse...

"Cada coração é uma célula revolucionária"

Acho que todas as pessoas estão destinadas a esquecer seus planos por causa da rotina. É a tristeza do sistema...