sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Talvez a última.

A última vez que eu te vi, não foi na verdade a última. Mas nós sabíamos que era o fim. Ninguém falou sobre isso, e muito ao contrário, sorríamos e não pensávamos. Só sabíamos, mas isso não fazia mal, nem era triste. Era só como tinha que ser.

A última vez que te vi, não a última realmente, esquecemos que tinha um mundo para além dos limites que imaginamos. Mas quem se importa? Fugimos do calor primaveril do Rio de Janeiro, andamos de mãos dadas na chuva, ficamos horas falando bobagem. Todos olhavam sorrindo, mas nós sabíamos. Só nós. Em cada abraço, em cada copo, o gosto de despedida era mais forte. Mas isso não era importante.

A última vez que te vi, ou a penúltima, você salvou minha vida. Mas e daí? Isso não é um privilégio seu. Eu constantemente preciso de alguém pra me tirar da poeira e dos cacos onde insisto em me enfiar. Eu só te salvei do tédio. Salvei tua semana da rotina casa-trabalho-computador.

A última vez que eu te vi, ou talvez não tenha sido a última, foi sem querer. Assim como foi sem querer o querer e o não-querer. Era amor, entrega, carinho. De verdade. Mas com prazo pra vencer. Era a dança de uma valsa só, que encanta, alegra e acaba. Ninguém imaginava. Mas nós sempre soubemos.




Não há mal pior do que a descrença. Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão. [Como dizia o poeta - Toquinho e Vinícius]

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