Há dois anos e cinco meses eu tive um dos dias mais tristes da minha vida.
Eu lembro melhor daquele dia do que de anos da minha vida. Depois de uma campanha apática no campeonato brasileiro, o grande Vasco da Gama caia, pela primeira vez em sua história, para a segunda divisão do futebol nacional. Lembro de ter sentido raiva durante uns 80 minutos daquele Vasco e Vitória disputado em São Januário. Lembro da voz do locutor, e da vontade que eu tive de entrar em campo e gritar com aqueles jogadores que corriam sem direção, parecendo não compreender a importância da camisa que vestiam.
Meu ódio durou até os últimos 10 minutos, até que a queda se tornou uma realidade palpável até pros mais otimistas, até que embalado pelos lamentos do locutor, apareceu a imagem do Pedrinho, meu eterno ídolo da seleção vascaína de 98, chorando. Eu desisti da tv. Me pendurei na janela, com minha camisa 10, eternizada pelo Edmundo, e chorei. Pela primeira vez, desde que eu me entedia por gente, eu chorei pelo Vasco da Gama.
E posso dizer com bastante certeza que eu já era vascaína antes de saber que era gente. Lembro de ganhar minha primeira camisa do Vasco com 6 anos, e de assistir no final de 1997 a despedida do Edmundo pro Fiorentina, na mesma festa que sagrava meu time Campeão Brasileiro. Lembro de deixar minhas amiguinhas sozinhas brincando e correr pra casa pra ver o Vasco jogar a Libertadores em 98, e assistir os jogos explicando pros meus avós os números da camisa e a posição de cada jogador. Lembro daquela noite histórica em 2000, quando depois do terceiro gol do Palmeiras minha mãe me mandou dormir, e eu disse que não ia, porque Vasco ia ser campeão. E nós fomos campeões, de virada, e em pleno Palestra Itália. E hoje, quando me perguntam sobre meus ídolos de infância, me vem logo a mente as imagens do Juninho Pernambucano chorando com essa copa na mão, do Romário correndo quase abraçado com o Juninho Paulista pedindo silêncio depois do quarto gol. Do Mauro Galvão, do Felipe, do Pedrinho, do Helton, do Edmundo, do Carlos Germano.
Hoje, catorze anos depois da primeira final que eu vi o Vasco ganhar, eu posso dizer que vivo um dos dias mais felizes da minha vida. Morando na Argentina e sozinha em casa, eu vi pela internet, o Vasco mais uma vez ser campeão. E dessa vez foi especial. Porque depois de anos sem grandes títulos, de uma queda, e um retorno da série B, de xingar, sofrer, gritar, o canto de Campeão ecoou mais uma vez. O meu canto, e o dos milhões de vascaínos espalhados nesse mundo. Hoje, cada um de nós tem um sorriso bobo estampado na cara, e uma cruz de malta brilhando no peito. E mesmo que ninguém entenda, nós somos vascaínos, guerreiros, torcedores, apaixonados. Orgulhosos.
Eu tive minhas maiores tristezas pelo Vaasco da Gama. Mas também foi ele que me deu minhas maiores alegrias. E preciso te contar, o nosso saldo de alegrias é muito maior..
Um comentário:
Hoje sou Vasco da Gama, pois sou grata a esse time por fazer minha filha feliz!!!
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